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Ex-policial confirma ter sido avisado sobre operação que o prendeu por envolvimento no assassinato de Marielle Franco

O ex-policial militar Ronnie Lessa chocou a todos ao confirmar, nesta quarta-feira (28), que ele sabia antecipadamente da operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que resultou em sua prisão sob a suspeita de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Franco, em 2018. Em depoimento virtual pelo segundo dia consecutivo no julgamento aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para decidir sobre a condenação dos irmãos Brazão e outros acusados de serem os mandantes do crime, Lessa revelou detalhes perturbadores.

Lessa admitiu ter recebido uma mensagem de WhatsApp na noite anterior à sua prisão, informando sobre a operação que resultaria em sua detenção. A mensagem foi enviada por Jomarzinho, filho de um ex-policial federal com conexões com os irmãos Brazão. Mesmo ciente da operação iminente, Lessa estava se preparando para sair de seu condomínio, na Barra da Tijuca, quando os policiais civis chegaram para prendê-lo por volta das 5h.

Durante o depoimento, Lessa também revelou que o assassinato de Marielle foi planejado com o intuito de evitar que fosse considerado um crime político, para que a investigação não fosse assumida pela Polícia Federal. Ele afirmou que o crime foi concebido para parecer como sendo executado pela Polícia Civil, comandada por Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil e um dos acusados de envolvimento no assassinato.

Além disso, Lessa admitiu que monitorou o endereço do ex-marido de Marielle e que os irmãos Brazão lhe forneceram informações sobre a localização da vereadora. Ele revelou ainda que os mandantes exigiram que o crime não ocorresse perto da Câmara de Vereadores para não atrair a atenção para os parlamentares.

O ex-policial também mencionou que foi influenciado pela promessa dos irmãos Brazão de imóveis na Zona Oeste do Rio, avaliados em R$ 25 milhões, em troca do assassinato de Marielle. Lessa está atualmente detido em São Paulo e prestou seu depoimento por videoconferência ao juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF.

No processo, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, seu irmão Chiquinho Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa. A defesa e a acusação ainda aguardam depoimentos de cerca de 70 testemunhas antes do final do processo.

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