O governo também entrou nessa discussão ao enviar à Câmara dos Deputados o projeto de lei 2762/24, que propõe a criação da Política Nacional de Cuidados. Este projeto foi elaborado com a contribuição de 20 ministérios, estados, municípios e pesquisadores, evidenciando a dimensão e importância do tema.
De acordo com dados do IBGE, em 2022, as mulheres brasileiras dedicaram, em média, 21,3 horas semanais às atividades domésticas e de cuidado, enquanto os homens gastaram apenas 11,7 horas, evidenciando uma desigualdade de gênero nesse aspecto. Além disso, as mulheres pretas ou pardas dedicaram mais tempo a essas tarefas em comparação com as mulheres brancas.
A sobrecarga de trabalho das mulheres no cuidado não apenas demanda tempo, mas também afeta a saúde das cuidadoras e pode limitar suas oportunidades no mercado de trabalho. Dados do IBGE mostram que a participação das mulheres no mercado de trabalho é menor que a dos homens, e seus rendimentos são em média inferiores.
Especialistas têm ressaltado a importância de compartilhar as responsabilidades de cuidado entre membros da família, o Estado, o mercado privado e a comunidade para reduzir a sobrecarga sobre as mulheres. Projetos de lei relacionados ao tema estão em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado, refletindo a necessidade de políticas públicas que promovam a equidade de gênero e de cuidados.
No contexto internacional, o debate sobre cuidado tem se expandido e ganhado relevância em organismos como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e eventos como o P20 – a reunião de Mulheres Parlamentares do G20. A atenção ao cuidado é fundamental não apenas para garantir direitos sociais e equidade de gênero, mas também para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo.