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Faculdade de Medicina da USP e AMB alertam para aumento de cursos de especialização a distância sem qualidade no Brasil

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgaram recentemente um recorte da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2025, apresentando dados relacionados aos cursos de especialização no país. De acordo com os pesquisadores, 41,2% dos cursos médicos de especialização, na modalidade Pós-Graduação Lato Sensu (PGLS), são realizados inteiramente a distância, enquanto outros funcionam através do ensino a distância (EAD) e 11,1% são ofertados em regime semipresencial.

A relevância desses dados é ressaltada pelas entidades, que apontam para uma possível perda de qualidade na formação dos estudantes, motivando a antecipação da divulgação do estudo. A pesquisa completa será divulgada somente em 2025. Os pesquisadores analisaram 2.148 cursos de PGLS em medicina oferecidos por 373 instituições e observaram que os cursos exclusivamente EAD têm uma duração média mais curta, 9,7 meses, em comparação com os cursos presenciais (15,4 meses) e semipresenciais (13,9 meses).

Há uma preocupação em relação ao aumento na oferta de cursos de especialização, que pode estar associado a uma prática questionável, com cursos que induzem a falsa ideia de serem especialidades médicas. No Brasil, o título de médico especialista é reservado apenas para aqueles que concluíram a Residência Médica (RM), credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC) ou através das sociedades de especialidades filiadas à AMB. Por outro lado, os cursos de PGLS exigem apenas registro no Ministério da Educação em uma Instituição de Ensino Superior cadastrada, com alguns chegando a cobrar até R$ 30 mil dos alunos.

O aumento na oferta desses cursos é atribuído ao crescimento desordenado de escolas médicas no país, sem um planejamento adequado. A pesquisa aponta que muitos desses cursos mantêm proximidade com as especialidades médicas reconhecidas, o que pode gerar confusão entre médicos, empregadores e a sociedade. Além disso, a falta de regulamentação adequada desses cursos pode impactar a qualidade do atendimento médico, prejudicando os pacientes e a reputação dos profissionais de saúde.

Diante desse cenário, surgem questionamentos sobre a necessidade de reforçar a Residência Médica como modalidade mais apropriada para a formação de médicos especialistas, a fim de garantir um atendimento de qualidade e seguro para a população. A preocupação com a formação dos profissionais de saúde e a qualidade dos serviços prestados é essencial para o sistema de saúde como um todo.

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