Iniciada em 18 de maio e com prazo de conclusão estipulado para 15 de setembro, a investigação parlamentar recebeu um prazo extra de 12 dias, mas ainda assim não houve consenso até a data final. Os deputados Wellington Roberto (PL-PB), José Rocha (União-BA), Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) e Márcio Marinho (Republicanos-BA) manifestaram insatisfação com o andamento das investigações e as conclusões apresentadas por Carreras, solicitando a vista do relatório.
Wellington Roberto criticou duramente o relatório, afirmando que “não diz nada com nada” e que não menciona os requerimentos aprovados pela comissão que não foram concretizados. Já Marcelo Álvaro Antônio expressou sua frustração com a não convocação das empresas de apostas, conhecidas como “bets”, e afirmou que o relatório não atendeu às expectativas de um trabalho sério na CPI.
Carreras, por sua vez, já havia divulgado um relatório preliminar em 19 de setembro, justificando a não responsabilização das “bets” com base nas informações obtidas do procurador-geral do Ministério Público de Goiás e da Polícia Federal, que não identificaram indícios de irregularidades por parte dessas empresas.
As investigações feitas pelo Ministério Público de Goiás resultaram no indiciamento de 14 pessoas e no banimento de três jogadores pela Fifa. No relatório, Carreras concluiu que o futebol brasileiro e o esporte de forma geral estão expostos à prática criminosa de manipulação de resultados devido ao crescimento do mercado de apostas esportivas.
Apesar do encerramento da CPI sem conclusões oficiais, o deputado Carreras pretende dar continuidade aos quatro projetos de lei sugeridos em seu relatório. Esses projetos têm como objetivo regular o futebol brasileiro e acabar com a fragmentação das apostas, além de tratar da obrigatoriedade de comunicação às autoridades competentes sobre a corrupção esportiva e da tipificação criminal da exploração de loterias de apostas sem prévia autorização.
A última reunião da CPI foi marcada por discussões acaloradas entre os deputados, que queriam continuar o debate sobre o relatório, mesmo sem a perspectiva de votação. Entretanto, o presidente da comissão, deputado Julio Arcoverde (PP-PI), encerrou a discussão, afirmando que não fazia sentido prosseguir com a reunião após a concessão da vista. Ao longo de quatro meses, a CPI realizou nove audiências públicas e ouviu jogadores, investigadores, representantes da CBF, do governo e de casas de apostas.
Apesar de não ter havido uma votação do relatório final, as investigações da CPI trouxeram à tona a relevância e a necessidade de regulamentação das apostas esportivas no Brasil, além da importância de ações para combater a manipulação de resultados no futebol brasileiro. Os projetos de lei propostos por Carreras podem ser um passo importante para lidar com essas questões e garantir a integridade do esporte nacional.
