Passados dois anos desde essas mortes, poucas mudanças efetivas foram realizadas no Brasil, de acordo com entidades da Coalizão em Defesa do Jornalismo. A demora na punição dos criminosos e na implementação de medidas de proteção preocupa organizações não governamentais que defendem a liberdade de imprensa e o livre acesso à informação.
Bruno e Dom foram vistos pela última vez na manhã do dia 5 de junho de 2022 e seus corpos só foram encontrados em 15 de junho. A investigação levou à detenção de pelo menos cinco suspeitos de envolvimento no crime. Em julho do mesmo ano, o Ministério Público Federal denunciou três acusados pelos homicídios e ocultação dos corpos, e outros dois foram indiciados pela Polícia Federal. O processo judicial está em andamento, mas ainda não há uma data marcada para o julgamento dos principais acusados.
A demora no desfecho desse caso é vista como um reflexo da violação dos direitos humanos na região amazônica. Entre junho de 2022 e maio de 2024, foram registrados pelo menos 85 casos de agressões contra jornalistas e comunicadores nos estados da Amazônia. O clima de medo e autocensura entre os comunicadores locais é evidente, o que contribui para a perpetuação da violência estrutural na região.
Organizações da sociedade civil solicitaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos medidas para proteger os defensores dos direitos humanos e jornalistas atuantes no Vale do Javari, incluindo os envolvidos no caso de Bruno e Dom. Apesar disso, a implementação efetiva dessas medidas tem sido insuficiente, demonstrando as deficiências no sistema de proteção na região.
O julgamento e a devida punição dos responsáveis pelos assassinatos de Bruno e Dom representam uma oportunidade para o Estado brasileiro mudar o cenário de impunidade e garantir a segurança dos profissionais envolvidos na defesa dos direitos humanos e da Amazônia. A sociedade aguarda por ações concretas e eficazes por parte das autoridades competentes.