Em busca de soluções para a saúde mental dos agentes de segurança pública, especialistas debatem medidas aplicáveis.

No debate promovido pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, realizada no dia 22 de agosto, foram discutidos os desafios relacionados à saúde mental dos agentes de segurança pública em todo o país e a utilização dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para combater problemas como automutilação. Um dos principais temas abordados foi a implementação da Lei de Prevenção ao Suicídio de Policiais, sancionada em janeiro deste ano.

A nova legislação tem como objetivo promover ações de saúde biopsicossocial e segurança do trabalho para os diferentes tipos de policiais, além de melhorar o atendimento de emergências psiquiátricas, como distúrbios suicidas e automutilação. Uma das inovações trazidas pela lei é a obrigatoriedade de divulgação anual de dados atualizados sobre a saúde mental dos policiais.

Juliana Ribeiro, coordenadora-geral de Valorização Profissional do Ministério da Justiça, destacou a importância de indicadores claros para a implementação de políticas de saúde mental, porém ressaltou a dificuldade em organizar esses dados. Segundo ela, é necessário publicar informações sobre qualidade de vida, saúde, vitimização, deficiências, dependência química, transtornos psicológicos e mentais, bem como comportamento suicida.

A lei sancionada destina 10% dos recursos do FNSP para programas que visem à qualidade de vida dos policiais, o que representa aproximadamente R$ 100 milhões anuais. Cláudio Eduardo Dias, médico e diretor de Saúde Ocupacional do hospital da Polícia Civil de Minas Gerais, ressaltou a importância da utilização adequada desses recursos. Ele listou algumas das causas dos problemas de saúde mental dos agentes de segurança, como exposição constante à violência, estigma relacionado a adoecimento mental na sociedade, e a dificuldade dos policiais, principalmente homens, em cuidar da saúde física e mental.

A deputada Delegada Ione (Avante-MG), proponente da discussão, ressaltou a necessidade de melhorar a qualidade de vida dos policiais, incluindo os agentes de segurança privada. Ela também mencionou a falta de estrutura das corporações, efetivo deficiente e falta de valorização como fatores que contribuem para o adoecimento mental da categoria. Ione destacou que a ocorrência de depressão é mais comum entre as mulheres policiais, que têm uma dupla jornada de trabalho, combinando a segurança pública com as tarefas domésticas.

O debate evidencia a importância de se garantir condições adequadas de trabalho e suporte emocional para os agentes de segurança pública. A implementação da Lei de Prevenção ao Suicídio de Policiais representa um avanço na promoção da saúde mental desses profissionais, porém é necessário que a divulgação de dados e a destinação correta de recursos sejam efetivamente realizadas para garantir o bem-estar desses servidores.

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