Os participantes da pesquisa foram submetidos a uma avaliação clínica detalhada, polissonografia noturna e responderam a questionários específicos sobre sono. Além disso, amostras de sangue foram coletadas para a extração de DNA e genotipagem dos voluntários, a fim de calcular o risco genético para problemas de sono e sintomas depressivos. Os resultados desse estudo inovador foram apresentados durante o Sleep 2024, na 38ª Reunião Anual das Sociedades Profissionais Associadas de Sono, nos Estados Unidos.
A pesquisadora Mariana Moysés Oliveira, responsável pelo estudo, ressaltou a importância das descobertas. Segundo ela, a insônia e a depressão têm origens genéticas semelhantes, o que justifica a necessidade de tratar os distúrbios do sono como parte integrante da doença mental. Utilizando um modelo estatístico denominado escore poligênico, foi possível prever o risco para doenças complexas e estabelecer a inter-relação entre problemas de sono e depressão.
Os resultados apontaram que indivíduos com problemas de sono apresentavam sintomas depressivos mais intensos, e que o risco genético para distúrbios do sono estava diretamente relacionado ao risco genético para sintomas depressivos. Além disso, a análise genética revelou uma forte correlação entre as duas condições, o que pode abrir caminho para o desenvolvimento de políticas de saúde pública mais eficazes na identificação precoce e tratamento integrado dessas doenças.
Mariana enfatizou que as descobertas do estudo poderão impactar a criação de novos protocolos clínicos que abordem de forma holística a saúde mental e a qualidade do sono, contribuindo para uma compreensão mais profunda das causas desses problemas de saúde. A utilização de dados genéticos para prever a predisposição a essas doenças também pode permitir a identificação de pessoas em risco antes mesmo que os sintomas se manifestem, reduzindo a carga dessas condições na sociedade.
Em resumo, a pesquisa realizada por Mariana Moysés Oliveira e sua equipe abre caminho para novas abordagens no tratamento da depressão e da insônia, destacando a importância da identificação precoce e do tratamento integrado como forma de reduzir o impacto dessas doenças na sociedade. Compreender as conexões genéticas entre ambas as condições pode levar a avanços significativos no campo da saúde mental e no desenvolvimento de terapias mais eficazes e duradouras.