Agentes da Abin monitoraram autoridades do Judiciário, Legislativo e Receita, além de jornalistas; investigação da PF aponta irregularidades durante governo Bolsonaro.

A investigação da Polícia Federal descobriu que agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizaram recursos de espionagem adquiridos pelo órgão para monitorar autoridades do Judiciário, do Legislativo e da Receita Federal, além de personalidades públicas, como jornalistas. Segundo as informações, essas ações irregulares teriam ocorrido durante o governo de Jair Bolsonaro.

Os resultados das investigações foram apresentados em uma decisão de 86 páginas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou uma nova fase da Operação Última Milha. Esta operação investiga o uso da Abin para objetivos pessoais e políticos durante o governo anterior. Alexandre de Moraes é o relator do inquérito que apura essas graves denúncias.

Segundo o ministro, as investigações revelaram que os recursos da Abin foram utilizados para monitorar autoridades dos Poderes Judiciário e Legislativo, com o intuito de obter vantagens políticas. Os alvos monitorados incluíam ministros do STF, senadores da República, deputados federais, personalidades do Executivo, auditores da Receita Federal e jornalistas renomados.

Na quinta-feira, quatro pessoas foram detidas, incluindo Mateus Sposito, Giancarlo Gomes Rodrigues, Marcelo de Araújo Bormevet e Richards Dyer Pozzer. Um suspeito, Rogério Beraldo de Almeida, ainda está foragido. As investigações mostram que essas pessoas estavam envolvidas em atividades de espionagem e disseminação de notícias falsas.

O monitoramento foi realizado através de invasões em dispositivos eletrônicos, computadores e até mesmo a infraestrutura de telefonia. Para isso, utilizou-se a ferramenta First Mile, desenvolvida por uma empresa israelense e capaz de monitorar dispositivos móveis sem autorização judicial. Essa ferramenta foi adquirida pela Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da agência e que atuou durante o governo de Bolsonaro.

As investigações revelaram a existência de ações clandestinas que ocorreram entre 2019 e 2022, que mostram o desvio da finalidade das operações de inteligência para interesses políticos e pessoais. Além disso, foram identificados cinco núcleos na organização criminosa responsável por essas atividades ilícitas.

Os implicados, incluindo Carlos Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, se pronunciaram nas redes sociais negando qualquer ligação com as atividades da Abin. As investigações continuam para apurar todos os envolvidos e esclarecer os detalhes dessas graves ações de espionagem e desinformação.

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