Especialistas defendem leis e acordo global para combater poluição provocada por plástico.

Cientistas e representantes de organizações da sociedade civil participaram de um seminário da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados na última quinta-feira (24), onde denunciaram o “tsunami de plástico” no Brasil e no mundo e defenderam ações para combater essa forma de poluição. Durante o evento, os especialistas destacaram a importância do Parlamento em buscar soluções para o problema, como a aprovação de propostas de reuso e reciclagem de plástico, que estão em análise no Senado, e de uso racional do produto, em discussão na Câmara.

A diretora-executiva da ACT Promoção da Saúde, Paula Johns, que acompanha as negociações na Organização das Nações Unidas (ONU) em busca de um tratado global para o fim da poluição plástica, ressaltou a necessidade de reduzir a produção desse material. Ela destacou que a saúde é um tema essencial para avançar nesse tratado de forma efetiva.

O plástico é considerado um poluente de preocupação global devido à sua lenta decomposição, que pode levar cerca de 400 anos, e à sua crescente produção, que chega a aproximadamente 400 milhões de toneladas por ano. Atualmente, o plástico corresponde a 32% dos resíduos sólidos, mas possui baixas taxas de reciclagem, sendo apenas 9% no mundo e 4% no Brasil.

Além disso, o problema é agravado pelos microplásticos, que são resultantes da fragmentação de utensílios plásticos maiores, além de estarem presentes em fibras têxteis e produtos de cuidados pessoais. Esses microplásticos têm ameaçado a biodiversidade marinha e até mesmo a saúde humana, sendo encontrados em moluscos comestíveis e órgãos humanos.

Outro aspecto preocupante são os aditivos presentes nos plásticos, como o BPA e os retardadores de chama, que podem se transformar em microplásticos e tornar a reciclagem ainda mais difícil.

Diante disso, os especialistas apontaram lacunas na legislação brasileira, como a falta de aplicação da estratégia de logística reversa às embalagens plásticas e a ausência de referência aos microplásticos e produtos descartáveis, como copos, sacolas, canudos e isopor, na Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Diante desse cenário, organizações como a Oceana e a ACT Promoção da Saúde têm se mobilizado para combater o problema do plástico, lançando campanhas de conscientização e apoiando projetos de lei que visam reduzir o uso desse material.

O seminário promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados atendeu a requerimentos do deputado Nilto Tatto (PT-SP), e reforçou a importância de se adotar medidas urgentes para conter o “tsunami de plástico” que assola o Brasil e o mundo.

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