O manifesto lido por um grupo de mulheres na Praça da República denunciou a invisibilidade e o descaso com que as vidas negras são tratadas, mesmo sob governos considerados progressistas. Afirmaram que a dinâmica da governabilidade sacrifica essas vidas em prol dos interesses de grandes empresários do agronegócio e do capital, ecoando um grito por mudanças urgentes.
O documento ainda destacou a alarmante realidade das mulheres negras, que são as principais vítimas de feminicídios e violência policial, ressaltando a necessidade de medidas efetivas para proteger essas mulheres da violência cotidiana. Movimentos sociais como Unidade Popular (UP), Movimento Negro Unificado (MNU), Craco Resiste, Afronte! Juventude Sem Medo e Marcha das Mulheres Negras de São Paulo estiveram presentes no ato, demonstrando união e solidariedade.
A deputada estadual de São Paulo, Monica Seixas (PSOL), do Movimento Pretas, enfatizou a importância de abordar questões como emprego, renda, educação e segurança para as mulheres, destacando a necessidade de garantir direitos fundamentais. Além disso, a parlamentar levantou a bandeira do aborto legal, defendendo o direito das mulheres negras de decidir sobre seus corpos e exigindo políticas públicas que garantam esse direito.
Em meio às discussões sobre o projeto de Lei 1904/24, que equipara o aborto tardio ao homicídio, a sociedade civil tem se mobilizado para combater essa proposta considerada retrógrada e prejudicial às mulheres. A Marcha das Mulheres Negras em São Paulo fez parte do Julho das Pretas, promovido pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Rede de Mulheres Negras do Nordeste e Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira, como uma forma de reivindicar a reparação histórica pelos danos causados pelo colonialismo e a escravização dos negros.
Assim, a marcha representou não apenas uma manifestação política, mas também um grito de resistência e empoderamento das mulheres negras, que lutam diariamente por justiça, igualdade e dignidade. E, diante dos desafios e ameaças, permanecem firmes na busca por um mundo mais justo e igualitário para todas as pessoas.