De acordo com os pesquisadores, o descarte irregular de lixo é um problema que se agrava em locais de difícil acesso, como encostas, terrenos baldios, margens de rios e áreas florestais. Além de contribuir para a degradação do meio ambiente, essa prática representa um risco para catadores e garis que atuam na limpeza desses locais.
O engenheiro Marcelo Musci explicou em entrevista à Rádio Nacional que a utilização de drones para monitorar essas áreas de difícil acesso é essencial, pois permitem identificar detritos de lixo que não seriam visíveis a olho nu. Por meio da inteligência artificial, os drones são capazes de detectar resíduos, como sacos de lixo, restos de obras da construção civil e objetos abandonados.
Essa tecnologia baseada em redes neurais, que imitam o funcionamento do cérebro humano, possibilita treinar a IA para identificar diversos tipos de resíduos. O drone consegue detectar até mesmo objetos menores, como lixo orgânico, contribuindo para um monitoramento mais preciso e eficaz.
No Brasil, essa tecnologia ainda é pouco explorada, ao contrário de países europeus onde já é utilizada para localizar detritos em rios poluídos. Marcelo Musci destaca a importância de expandir o uso dessa tecnologia para prevenir enchentes, evitando que resíduos acumulados interrompam canais de escoamento.
O estudo realizado nas regiões da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro conseguiu identificar e rotular imagens de descarte irregular de resíduos com uma eficácia de 92%. Os pesquisadores estão trabalhando para aprimorar a técnica e planejam estabelecer parcerias com órgãos municipais, como a GEO-Rio, responsável pelo monitoramento de encostas na cidade.
Portanto, a utilização de drones e inteligência artificial para monitorar o descarte ilegal de resíduos sólidos em áreas remotas é uma iniciativa inovadora e promissora, que pode contribuir significativamente para a preservação do meio ambiente e a prevenção de problemas como enchentes.