Selic mantida em 10,5% ao ano gera reações opostas nos setores de indústria e comércio: incertezas fiscais x necessidade de estabilização econômica.

O anúncio da manutenção da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 10,5% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, gerou reações divergentes das instituições ligadas aos setores de indústria e comércio do país. Enquanto alguns grupos consideram a decisão restritiva para a atividade econômica, outros enxergam a medida como reflexo da incerteza em relação ao equilíbrio das contas públicas.

O Copom, que em junho interrompeu a sequência de cortes de juros após meses de reduções, vinha promovendo diminuições constantes de 0,5 ponto percentual a cada reunião, até o corte de 0,25 ponto percentual em maio.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou preocupação com a manutenção da taxa de juros, apontando que ela resulta em elevados custos de crédito e limita a atividade econômica no Brasil. Para a CNI, a retomada dos cortes é essencial para reduzir os custos financeiros suportados pelas empresas e consumidores, visando evitar impactos negativos como queda no emprego e renda.

Já a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) salientou que incertezas fiscais comprometem a redução da Selic. A instituição defende que um retorno sustentável aos cortes de juros depende do equilíbrio das contas públicas e que a ausência de uma agenda estrutural de redução de gastos pode elevar o risco-país e deteriorar as expectativas inflacionárias.

Por outro lado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) considerou que a manutenção da Selic foi acertada, dadas as pressões inflacionárias, cenário fiscal incerto e câmbio desfavorável. A entidade defende que apenas uma maior clareza nas políticas fiscais do governo poderia alterar o quadro econômico.

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) também criticou a decisão do Copom, alegando que ela prejudica o setor produtivo ao encarecer os juros. No entanto, reconheceu a importância da medida para estabilizar o cenário macroeconômico diante da deterioração da situação inflacionária.

Por outro lado, a Força Sindical classificou a decisão como absurda, argumentando que taxas elevadas de juros beneficiam especuladores em detrimento da produção, consumo e geração de empregos. A instituição destacou que o pagamento de juros pelo governo limita os investimentos em áreas fundamentais como educação, saúde, segurança e infraestrutura.

No cenário atual, a divergência de opiniões das instituições reflete a complexidade e incertezas presentes na economia brasileira, destacando a necessidade de políticas claras e consistentes para garantir o desenvolvimento sustentável do país.

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