Fuvest terá lista de leitura obrigatória só com obras escritas por mulheres autoras da língua portuguesa a partir de 2026.

A partir do ano de 2026, a Fuvest, Fundação Universitária para o Vestibular, que é responsável pelo processo de seleção de ingresso na Universidade de São Paulo (USP), irá implementar uma lista de leitura obrigatória composta exclusivamente por obras escritas por mulheres autoras da língua portuguesa. Essa decisão inovadora visa valorizar o papel das mulheres na literatura, não apenas como personagens, mas como autoras de destaque.

O anúncio dessa iniciativa ocorreu no ano passado e foi feito pela presidente do Conselho Curador da Fuvest e vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda. De acordo com ela, muitas escritoras femininas foram durante décadas alvo de invisibilidade, devido ao simples fato de serem mulheres. Essa ação tem como objetivo trazer à luz a importância e a qualidade das produções literárias femininas, muitas vezes negligenciadas e minimizadas.

Durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), ocorrida em Salvador, a fundadora e coordenadora do grupo Escreva, garota!, Lella Malta, destacou que a invisibilidade das mulheres na literatura ainda é uma realidade presente na sociedade brasileira. Ela ressaltou a importância de empoderar as mulheres através da escrita, proporcionando coragem, autoestima e uma voz ativa no mercado editorial.

A escritora Antonia Maria da Silva, autora da obra “Sobre Ventos Passados”, compartilhou sua experiência ao lançar-se no mercado literário depois de anos dedicados à escrita. Ela enfatizou a liberdade que a escrita proporciona, especialmente para as mulheres, e como isso configura um ato de empoderamento e resistência. Antonia ressaltou a importância de dar voz às emoções, pensamentos e sentimentos femininos, contribuindo para uma representação autêntica das mulheres na sociedade.

Outras autoras, como Gil Lourenço, autora de “O Sal do Amor”, também destacaram a relevância da literatura feminina como uma forma de empoderamento e representatividade. Para Gil, é essencial que as mulheres leiam e apoiem o trabalho umas das outras, fortalecendo a presença e a contribuição feminina no mercado editorial.

Além disso, a pesquisadora Nathalia de Oliveira, autora do livro “Injúria” e vencedora do Prêmio Capes de Teses e Dissertações de 2022, ressaltou a importância de espaços de diálogo e apoio para encorajar e valorizar a escrita feminina, combatendo as desigualdades e preconceitos ainda presentes no meio literário.

Com a implementação da lista de leitura obrigatória de obras escritas por mulheres na Fuvest, a expectativa é que mais mulheres sejam encorajadas a se lançar no universo literário, contribuindo com suas visões, experiências e narrativas únicas, para enriquecer ainda mais a diversidade e a representatividade na literatura brasileira.

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