O pedido da Defensoria Pública será avaliado pela 10ª Vara de Fazenda Pública. Os defensores argumentam que, mesmo após a Polícia Militar apresentar outras versões para o acontecimento, a postagem permanece nas redes sociais. Eles afirmam ainda que a publicação gerou indignação na mãe do adolescente e que houve uma violação aos Direitos da Personalidade tanto de Thiago quanto de sua mãe.
A postagem nas redes sociais da PM dizia: “Um criminoso ficou ferido ao entrar em confronto com policiais do #BPChq [Batalhão de Choque] na comunidade da Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Com ele, uma arma de fogo foi apreendida. A ocorrência está em andamento”. A publicação vem acompanhada de uma fotografia que mostra dois policiais armados exibindo a arma mencionada, com a bandeira do batalhão ao fundo.
A Defensoria Pública também solicita que a Polícia Militar deixe de reprimir de forma ostensiva as manifestações pacíficas que surgiram após a morte do menino, bem como o protesto social da mãe.
A Agência Brasil entrou em contato com a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro em busca de um posicionamento a respeito da ação judicial da Defensoria Pública, mas até o momento do fechamento desta reportagem não obteve resposta.
Vale ressaltar que existem diferentes versões para o ocorrido. Em comunicado oficial na última segunda-feira, a PM informou que equipes do Batalhão de Polícia de Choque estavam realizando policiamento quando dois homens em uma motocicleta atiraram contra os policiais. Um dos homens seria o jovem de 13 anos. “Depois do confronto, um adolescente foi encontrado atingido e não resistiu aos ferimentos”, disseram os policiais.
Já os moradores da Cidade de Deus têm uma versão diferente para o caso. O tio da vítima afirmou que Thiago não tinha envolvimento com o crime, e a mãe declarou que “o filho era uma criança indefesa, que não oferecia perigo e não andava armado”.
Thiago foi atingido por dois tiros disparados pelos policiais, um na perna e outro no peito, e acabou falecendo no local. De acordo com a Defensoria Pública, ele foi baleado por volta das 0h40, na Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, via principal da Cidade de Deus.
O corpo do adolescente foi velado em uma igreja evangélica que ele frequentava na comunidade, e em seguida, foi enterrado no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá.
A morte do jovem gerou revolta na comunidade, que realizou um protesto contra a violência policial na noite de segunda-feira. No entanto, o protesto foi dispersado pela própria polícia. Vídeos postados nas redes sociais mostram policiais utilizando spray de pimenta para afastar os manifestantes.
A Polícia Militar informou que militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) acompanharam a movimentação e deram apoio à tropa de choque.
A Avenida Salazar Mendes de Moraes foi fechada em ambos os sentidos desde a Estrada dos Bandeirantes, e o tráfego teve que ser desviado pela Companhia de Engenharia de Tráfego da prefeitura do Rio. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar um incêndio causado pelos manifestantes.
A comunidade voltou às ruas nesta terça-feira para protestar contra a morte de Thiago Menezes. O ato ocupava a faixa da Rua Edgard Werneck, na altura da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro.