“Após fatal ação policial no Rio, irmão de vítima declara: ‘Não havia criminoso no veículo, apenas um trabalhador'”.

A família do frentista morto em uma ação da Polícia Militar após a saída de um baile funk no Rio de Janeiro rebateu a versão dos agentes envolvidos de que um dos passageiros do carro que foi alvejado teria apontado uma arma para os militares.

Segundo motoboy Hugo Marcelo Martins, irmão de Guilherme Lucas Martins Matias, os PMs abriram fogo contra o veículo.

“É mentira [a versão da polícia]. Não tinha bandido dentro do carro, só tinha trabalhador voltando do baile para casa. Eles passaram pelos policiais, e os policiais atiraram neles. Pegou no meu irmão e mais outros colegas dele”, disse Hugo.

O frentista Guilherme estava retornando para casa, em Santa Teresa, no centro da cidade, quando o veículo em que ele estava foi alvejado por tiros, na madrugada de domingo. O jovem, que comemorava seu aniversário de 26 anos, morreu após ser atingido por dois disparos. Os outros três passageiros também foram baleados. Dois já tiveram alta, enquanto o terceiro permanece internado no Hospital Souza Aguiar.

A Polícia Militar instaurou uma sindicância para investigar o caso. A morte de Guilherme também está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios. Segundo a Polícia Civil, a arma do policial militar envolvido foi apreendida e as imagens das câmeras do corpo dos agentes foram solicitadas.

A identidade do policial militar suspeito de atirar contra o carro de Guilherme não foi divulgada.

Os agentes alegaram que o veículo em que o jovem estava não acatou a ordem de parada e que um dos passageiros teria apontado uma arma para eles. Por isso, segundo os militares, eles atiraram.

Paulo Nascimento, um dos amigos de Guilherme que estava no carro junto com o jovem e também foi baleado, afirmou que não houve nenhuma ordem de parada.

“Não recebemos nenhum sinal para parar. Só ouvimos os tiros e, quando chegamos em Santa Teresa, paramos o carro para verificar se estava tudo bem, foi quando eu vi o tiro na minha perna”, relatou à TV Globo quando prestou depoimento na delegacia do Centro, onde o caso foi registrado.

De acordo com Hugo, seu irmão era uma pessoa alegre e dedicada à família. Ele cuidava do filho sozinho depois de se separar da esposa. Guilherme trabalhava como frentista e morava com a mãe.

“Nós compramos um bolo, cortamos e à noite ele quis sair para curtir o baile com os amigos. E na volta aconteceu essa tragédia”, disse Hugo.

“Queremos justiça, que os policiais paguem pelo erro deles. Minha mãe está muito abalada. Ele era meu irmão mais novo. Era um pai dedicado e cuidava do filho sozinho depois de se separar da esposa”, afirmou o irmão.

Segundo a PM, as câmeras dos policiais já foram recolhidas e eles prestaram depoimento à Polícia Civil. A corporação informou ainda que a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar também está acompanhando o caso.

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