Um dos especialistas presentes, Hugo do Valle Mendes, representante do Ministério do Meio Ambiente, afirmou que mesmo as metas definidas pelo Acordo de Paris, conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), resultarão em um aumento de temperatura maior do que o previsto no próprio acordo. Segundo ele, as políticas atuais conduzidas pelos países levarão a um aumento de temperatura em torno de 2,8 graus Celsius, enquanto as promessas das NDCs resultarão em um aumento de 2,4 graus Celsius. Mendes ressaltou que há uma grande distância entre a implementação das promessas e as metas estabelecidas no Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius.
Cláudio Ângelo, representante do Observatório do Clima, afirmou que os esforços feitos até o momento foram “altamente insuficientes”. Segundo ele, seria necessário reduzir as emissões em 8% ao ano até 2030, mas atualmente elas estão aumentando.
O seminário também abordou o tema da transição energética no Brasil. Gustavo Santos Masili, representante do Ministério de Minas e Energia, destacou que quase 50% da energia consumida pelos brasileiros em 2022 foi renovável, com cerca de 90% da eletricidade vindo de fontes renováveis. No entanto, ele ressaltou que ainda há muito a avançar nos próximos anos.
Nicole Oliveira, do Instituto Internacional Arayara, apontou retrocessos na área energética, questionando a participação cada vez maior do gás na matriz energética brasileira. Ela criticou a Petrobras por pressionar o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente para exploração na margem equatorial, colocando em risco o meio ambiente e as comunidades tradicionais.
Diante desse cenário, a deputada Célia Xakriabá, presidente da Comissão da Amazônia, ressaltou a importância de o Brasil tomar medidas concretas para combater as mudanças climáticas, como discutir o mercado de carbono de forma séria e evitar o desmatamento. Ela também alertou para a responsabilidade dos parlamentares em votar pautas comprometidas com a questão ambiental.
O deputado Nilto Tatto, presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, destacou que pouco do que foi acordado até agora sobre as mudanças climáticas foi efetivamente realizado. Ele ressaltou a importância de os parlamentares se prepararem para a COP-28 e anunciou a possibilidade de a maior delegação de deputados ir a uma conferência do clima neste ano.
Diante das avaliações feitas pelos especialistas, fica evidente a necessidade de o Brasil intensificar seus esforços na redução das emissões de gases do efeito estufa e no cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris. É fundamental que o governo adote políticas mais eficientes e promova a transição energética de forma mais acelerada, visando um futuro sustentável. Além disso, é necessário um comprometimento dos parlamentares e da sociedade em geral para que o país possa cumprir suas responsabilidades no combate às mudanças climáticas.