De acordo com Gutierrez, os acionistas estavam presentes no conselho de administração e no comitê financeiro, e seus membros mantinham contato frequente com o diretor financeiro da companhia. Ele afirmou que todas as decisões estratégicas do grupo eram tomadas pelos controladores, e que havia uma intensa pressão por resultados positivos e controle rígido de despesas. No entanto, Gutierrez negou ter conhecimento de qualquer manipulação contábil.
O ex-CEO relatou que sempre se reportou a Carlos Alberto Sicupira, considerado o principal acionista da empresa, e que todas as informações relevantes eram compartilhadas com ele. Gutierrez afirmou que não participava da definição das políticas contábeis, atribuída ao conselho de administração.
Gutierrez criticou a investigação feita pela empresa após a revelação da fraude, afirmando que foi nula e resultou em acusações falsas contra ele. Ele relatou que a Americanas tentou incluir membros do comitê de auditoria no comitê independente responsável pela investigação, mas os nomes foram trocados após pressão de credores. Além disso, ele afirmou que o comitê independente não teve participação na acusação contra ele, evidenciando a intenção da empresa em proteger os controladores.
A Americanas refutou as alegações de Gutierrez, afirmando que o ex-executivo não contestou os documentos e fatos apresentados à comissão. A empresa sustenta que as demonstrações financeiras foram fraudadas pela diretoria anterior, liderada por Gutierrez. A Americanas confia nas autoridades competentes para esclarecer os fatos e irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.
A CPI da Americanas apresentou seu relatório final, afirmando que não foi possível identificar os responsáveis pela fraude de R$ 20 bilhões. O documento aponta a falta de tempo e a ausência de provas concretas como limitações para determinar a autoria dos fatos identificados.
A LTS Investments, holding dos bilionários controladores da empresa, afirmou que as declarações de Gutierrez não refutam as evidências de sua participação na fraude. A empresa ressalta que todos os acionistas foram enganados pela fraude e confia que os responsáveis serão responsabilizados pelas autoridades competentes.
A investigação em torno da fraude na Americanas continua e espera-se que as autoridades competentes identifiquem os responsáveis e tomem as providências necessárias. A repercussão do caso levanta questionamentos sobre a atuação dos controladores nas empresas que controlam e a necessidade de maior transparência e governança corporativa.