Delgatti estava preso em Araraquara (SP) desde o dia 2 de agosto, mas foi transferido para Brasília (DF) e conduzido à sede da PF para prestar o seu depoimento sobre a sua suposta participação no ataque ao Poder Judiciário.
O advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, solicitou que seu cliente retornasse a Araraquara depois de ser interrogado, pois existe a possibilidade de ele ser mantido na capital federal à disposição da Justiça. Além disso, Delgatti foi convocado para depor à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que acontecerá nesta quinta-feira (17). O advogado não confirmou se seu cliente responderá às perguntas ou permanecerá em silêncio durante o depoimento.
Delgatti foi preso preventivamente na Operação 3FA, que investiga a invasão aos sistemas do CNJ. A ação policial autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também tinha como alvo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Em seu primeiro depoimento, Delgatti admitiu ter invadido o sistema do CNJ e de tribunais regionais de Justiça, inserindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes e alvarás de soltura de presos. Ele alegou ter agido a pedido da deputada Carla Zambelli para desacreditar o Poder Judiciário, mas a parlamentar nega ter solicitado ou pago ao hacker para que fizesse isso.
No mesmo dia em que a polícia esteve na casa e no gabinete da deputada, cumprindo mandados de busca e apreensão, Zambelli convocou a imprensa para esclarecer sua relação com Delgatti. Ela admitiu ter pago R$ 3 mil ao hacker para fazer melhorias em seu site e redes sociais, mas negou ter pedido a ele para invadir o sistema do CNJ. Zambelli afirmou que conheceu Delgatti em um hotel e o apresentou ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas nenhum acordo foi fechado.
A investigação sobre os crimes de invasão do sistema do CNJ será realizada no STF devido ao foro privilegiado da deputada Carla Zambelli. Delgatti também responde a outro processo, no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a invasão dos celulares do ex-ministro Sérgio Moro e outras autoridades. Essa foi a terceira vez que o hacker foi preso, após sua primeira detenção em 2019. As informações obtidas ilegalmente a partir dos aparelhos telefônicos foram divulgadas, dando origem à Operação Vaza Jato, que expôs os bastidores da Operação Lava Jato e gerou polêmicas sobre a atuação do Poder Judiciário.








