Haitianos se opõem a proposta de intervenção militar do Quênia, gerando descontentamento e incertezas sobre o futuro.

Após o assassinato do presidente Jovenel Moïse em julho deste ano, o Haiti tem enfrentado um aumento significativo da violência e do controle exercido por gangues armadas em seu território. De acordo com relatórios de organizações internacionais, mais de 80% da capital haitiana e mais de 50% do território nacional estão sob o domínio dessas gangues.

Nesse contexto de crise e insegurança, várias soluções têm sido propostas para lidar com os problemas enfrentados pelo povo haitiano. O ativista haitiano Boisrolin enfatizou a importância de fortalecer a luta popular em todas as suas formas. Ele acredita que o povo haitiano tem a capacidade de resolver seus próprios problemas e enfrentar as gangues que estão aterrorizando o país.

Boisrolin destacou o movimento chamado “Bwa Kale”, que tem se destacado desde abril deste ano. Esse movimento consiste em cidadãos com policiais nacionalistas que saem às ruas para enfrentar os criminosos e capturá-los. Como resultado dessa iniciativa, o número de sequestros diminuiu significativamente entre os meses de abril e julho.

A confiança na capacidade de resistência e na criatividade do povo haitiano é fundamental para enfrentar os desafios atuais. Boisrolin acredita que, uma vez fortalecida a luta popular, é possível criar uma frente de liberação contando com a solidariedade dos irmãos latino-americanos e caribenhos, em vez de depender de ajuda externa.

No entanto, o plano queniano de enviar pessoal ao Haiti para ajudar na restauração da ordem tem sido rejeitado por várias organizações internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional. Essas organizações levantam preocupações sobre possíveis violações dos direitos humanos nessa intervenção.

A Fundação Frantz Fanon é uma das organizações que condenaram veementemente a intervenção do Quênia no Haiti, afirmando que ela viola a autodeterminação e soberania do povo haitiano. Essas organizações alertam para o risco de reproduzir a violência exercida pelos ex-colonizadores, como a França, os Estados Unidos e instituições internacionais.

Diante desse cenário, é preciso encontrar soluções que respeitem a soberania do Haiti e promovam o fortalecimento da luta popular como forma de enfrentar os problemas do país. A violência exercida pelas gangues precisa ser combatida, mas é fundamental que qualquer intervenção seja feita em conformidade com os direitos humanos e com respeito à autodeterminação do povo haitiano.

A situação no Haiti exige um esforço conjunto, tanto nacional como internacional, para garantir a segurança e o bem-estar do povo haitiano. A violência e a insegurança não podem ser toleradas, mas é essencial encontrar soluções que fortaleçam o povo haitiano e respeitem sua soberania.

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