Apesar de não serem soldados da ativa, esses estudantes estão se recusando a se alistar por motivos políticos. Isso reflete a politização que tem tomado conta das forças armadas em Israel, que vive atualmente sob o governo mais direitista, ultranacionalista e religioso de sua história.
A recusa dos estudantes pré-alistamento ganhou ainda mais destaque por conta do motivo citado: a ocupação israelense de territórios palestinos. Esse é um passo além dos protestos contra a reforma judicial, que se concentravam na rejeição ao enfraquecimento da Suprema Corte planejado pelo ministro da Justiça Yariv Levin, com apoio do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Os estudantes se filiam ao Bloco Contra a Ocupação, um grupo de esquerda que defende o fim da presença de Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, áreas em que os palestinos buscam estabelecer um Estado independente. No entanto, essa inclusão da questão palestina não está sendo bem vista por líderes dos protestos contra a reforma judicial, que buscam o apoio da população em geral – tanto progressistas quanto conservadores – na luta contra medidas antidemocráticas.
A inclusão da questão palestina pode enfraquecer os protestos contra a reforma judicial, já que cerca de dois terços dos israelenses, de acordo com pesquisas de opinião, se opõem a uma reforma judicial sem um amplo consenso nacional. O conflito com os palestinos é um tema extremamente complicado e divisível, o que pode prejudicar a força dos protestos.
O exército israelense também está preocupado com o impacto a longo prazo dessas atitudes negativas em relação ao serviço militar. A recusa ao alistamento e o questionamento da ocupação de territórios palestinos podem gerar um enfraquecimento da instituição militar e afetar sua eficiência no futuro.
Portanto, o movimento de recusa ao alistamento militar por parte dos estudantes pré-alistamento em Israel reflete a politização que tomou conta das forças armadas e traz à tona a questão da ocupação israelense de territórios palestinos. Essa inclusão da questão palestina nos protestos contra a reforma judicial, porém, pode gerar uma divisão entre os manifestantes e prejudicar a força do movimento. O exército israelense está atento a essas atitudes e preocupado com os possíveis impactos a longo prazo.