Levantamento da Abep revela que quase metade das pesquisas eleitorais registradas foram pagas com recursos próprios, aponta investigação do TSE.

Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) revelou dados preocupantes sobre as pesquisas de intenção de voto nas eleições municipais de 2020. De acordo com a Abep, das 943 pesquisas oficialmente registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre janeiro e abril, 45,85% delas foram autofinanciadas por empresas de pesquisa, ou seja, foram pagas com recursos próprios, sem a interferência de contratantes externos.

Esse cenário chama a atenção para uma prática que, embora não seja ilegal, causa questionamentos éticos no meio político e acadêmico. O cientista político João Francisco Meira, sócio-diretor do instituto Vox Populi e membro do conselho superior da Abep, destacou a gravidade do volume de pesquisas autofinanciadas, apontando-a como um “verdadeiro escândalo nacional”.

A Resolução nº 23.727/2024, emitida pelo TSE em fevereiro, estabelece que as empresas que optam pelo autofinanciamento de pesquisas eleitorais devem informar a origem e o valor dos recursos utilizados, bem como apresentar um demonstrativo financeiro do ano anterior às eleições. No entanto, a falta de transparência na divulgação dessas informações levanta suspeitas de uso indevido dessas pesquisas para fins políticos.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) é uma das entidades responsáveis por fiscalizar as pesquisas eleitorais e investigar possíveis irregularidades. Em 2020, após as eleições municipais, o MPE solicitou às procuradorias regionais eleitorais que apurassem eventuais fraudes nas pesquisas autofinanciadas, conforme denúncia da Abep.

Além disso, a disparidade de custos entre pesquisas pagas por contratantes e aquelas autofinanciadas chama a atenção. De acordo com a Abep, as pesquisas pagas com recursos próprios custavam, em média, 14% a menos do que as realizadas por contratantes, apontando para uma possível distorção no mercado de pesquisa eleitoral.

Diante desse cenário, é crucial que os órgãos competentes estejam atentos e atuem de forma transparente e rigorosa na fiscalização das pesquisas eleitorais para garantir a lisura e a confiabilidade do processo democrático. A Abep planeja divulgar uma nova planilha com dados atualizados sobre as pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral no final de maio, o que pode contribuir para um maior entendimento e controle dessa prática no futuro.

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