Raimunda Marta, curandeira e integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens do Amapá, explicou que algumas ervas medicinais podem ser utilizadas tanto para chás quanto para banhos, e que seus conhecimentos tradicionais para limpeza do corpo e ajuda espiritual vêm de seus ancestrais e da umbanda. Ela ressaltou que a interferência de hidrelétricas no Rio Araguari prejudicou o ciclo da água e, consequentemente, o ciclo dos peixes que fazem parte da alimentação das comunidades da região.
No Quilombo Boa Vista Trombetas, primeira comunidade titulada de quilombolas no Brasil, Maria Zuleide Viana, de 68 anos, é uma das lideranças. Durante os Diálogos Amazônicos, ela participou de atividades que envolveram jovens quilombolas, que reivindicavam maior participação na formulação das propostas a serem apresentadas durante a Cúpula da Amazônia. Maria destacou que a Amazônia também é negra e que as comunidades quilombolas são parte integrante da natureza.
Carlene Printes, coordenadora de gênero da Malungu, associação quilombola à qual o Quilombo Boa Vista Trombetas é afiliado, enfatizou que as mulheres sustentam as bases das comunidades quilombolas e têm um papel importante nas articulações. Assim como Joyce Cursino, ela acredita que as mulheres são fundamentais para a proteção do território e das comunidades, e que tudo está relacionado ao cuidado e à autonomia para viver em harmonia com a natureza.
Essas mulheres demonstram como as comunidades amazônicas valorizam a conexão entre natureza, corpo, cultura e tradição. Elas são essenciais para a preservação dos ciclos e para o bem-estar das comunidades, mostrando que as mulheres negras desempenham um papel vital como protagonistas e líderes nas questões amazônicas.