O habeas corpus de Zanin ao coronel da PM está gerando debate acalorado na CPMI.

Na noite de segunda-feira, o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu um habeas corpus (HC) ao coronel Fabio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Essa decisão gerou divergências entre os parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.

De acordo com a decisão de Zanin, Vieira tem o direito de permanecer em silêncio para não se incriminar, conforme garantido pela Constituição. No entanto, o ministro também escreveu em seu despacho que o ex-comandante estaria protegido pelo “direito de não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade ou de consignar termos com tal conteúdo”.

Essa decisão do ministro Zanin foi considerada inovadora em relação aos HC concedidos anteriormente às testemunhas da comissão. O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia, afirmou que a decisão de Zanin impede que o depoente seja obrigado a se comprometer com a verdade. Para Maia, a decisão permite até mesmo que o depoente minta para não se incriminar.

Diferentemente, o senador Espiridião Amim opinou que a decisão autoriza apenas o silêncio, não a mentira. Segundo ele, o depoente não pode faltar com a verdade, mas tem o direito de não dizer nada.

Outro posicionamento foi o do senador Magno Malta, que defendeu que o HC concedido por Zanin foi o único a proteger o investigado. Na opinião de Malta, todos os outros HC anteriores foram equivocados.

Em contrapartida, a deputada federal Jandira Feghali argumentou que o presidente da CPMI deveria dar a oportunidade ao depoente de se comprometer com a verdade. Segundo ela, a decisão do ministro Zanin não impede que o depoente faça essa opção.

Apesar de discordar da decisão de Zanin, o presidente da CPMI, Arthur Maia, decidiu não pedir para que o depoente se comprometa a dizer a verdade. Ele afirmou que, se o Supremo Tribunal Federal não permite tal compromisso, ele não pode impor essa obrigação.

A decisão de Zanin causou protestos entre os parlamentares governistas, que insistiam na leitura do compromisso antes de prosseguir com o depoimento. A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, considerou o HC contraditório, já que o depoente estava sendo ouvido na condição de testemunha e, como tal, deveria se submeter ao compromisso de dizer a verdade.

Durante a audiência, o coronel Fabio Augusto Vieira negou qualquer participação ou omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro. Em seguida, ele optou por permanecer em silêncio, sem responder às perguntas dos parlamentares. O coronel é investigado no inquérito do STF por suspeita de omissão dolosa durante os ataques.

O depoimento do coronel à CPMI está previsto para continuar durante a tarde.

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