As mudanças sociais e hormonais típicas da adolescência, combinadas com o isolamento imposto pela pandemia de Covid-19 e o impacto das redes sociais, têm levantado discussões sobre depressão e ansiedade em adolescentes nos últimos anos. No entanto, é importante destacar que também há problemas de saúde mental que afetam os pais desses jovens e como a saúde mental de ambas as faixas etárias está interconectada.
Recentes pesquisas feitas pela Universidade Harvard nos Estados Unidos identificaram que pais e adolescentes sofrem com índices semelhantes de problemas de saúde mental. Tanto os adolescentes quanto os pais relataram ansiedade e depressão em percentuais significativos. Este dado alarmante ressalta a importância de reconhecer a saúde mental dos pais, não apenas dos adolescentes.
Segundo Richard Weissbourd, diretor do projeto Making Caring Common de Harvard, a depressão pode começar tanto nos pais quanto nos adolescentes, e ambos os casos podem afetar negativamente um ao outro. Em um contexto em que os limites são constantemente desafiados, pais e adolescentes podem se sentir desconectados e preocupados um com o outro.
No Brasil, também é evidente o impacto da saúde mental nessa faixa etária. Jovens entre 16 e 24 anos estão entre os mais afetados por problemas como baixa autoestima, desinteresse pelas atividades cotidianas e conflitos familiares. A situação é ainda mais delicada devido à sensação de solidão e à violência urbana, além da vulnerabilidade socioeconômica na população em geral.
Seja nos Estados Unidos ou no Brasil, é fundamental que pais e filhos se apoiem mutuamente para quebrar o ciclo prejudicial à saúde mental. A comunicação é o primeiro passo para essa mudança. Os pais devem estar dispostos a ouvir os adolescentes e os próprios jovens desejam serem ouvidos. É preciso lembrar que os desafios enfrentados hoje pelos pais são semelhantes aos de gerações anteriores, porém amplificados pelo uso excessivo de tecnologia.
Embora seja um momento desafiador para pais e filhos, é possível encontrar soluções e apoio. É importante que os pais sejam incluídos nas conversas sobre saúde mental dos adolescentes e que as políticas públicas considerem a saúde emocional de toda a família. Afinal, como o estudo de Harvard destaca, “um relato amplamente ignorado é o das pessoas centrais na vida dos adolescentes: seus pais e cuidadores”.