Em contraponto, a Exxon Mobil, que registrou uma receita três vezes superior à da Petrobras, distribuiu US$ 7,44 bilhões aos acionistas no mesmo período. Apesar disso, Coutinho ressalta que a distribuição de dividendos da Petrobras é insustentável e pode colocar em risco o futuro da empresa.
A análise também apontou que a relação entre investimentos líquidos e dividendos pagos pela Petrobras no segundo trimestre de 2023 foi 10 vezes superior à média das outras cinco grandes petroleiras analisadas. Enquanto a Petrobras pagou dividendos um montante mais de cinco vezes superior aos seus investimentos líquidos, a Exxon Mobil pagou 80% do total desses investimentos em dividendos. Por sua vez, a BP foi a petroleira que menos pagou dividendos em relação aos seus investimentos líquidos.
Ao comparar o volume de dividendos pagos pela Petrobras com anos anteriores, verifica-se que, apesar de ter diminuído, a proporção em relação aos investimentos líquidos ainda é bem alta. Coutinho destaca que o novo plano estratégico da empresa, apresentado pelo presidente Jean Paul Prates, tem um investimento projetado relativamente baixo, de cerca de US$ 78 bilhões em cinco anos, o que representa uma diminuição de 30% em relação à média histórica dos investimentos da Petrobras desde 1965.
Em entrevista à Agência Brasil, o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras, afirmou que a mudança na política de distribuição de dividendos vai possibilitar um aumento nos investimentos da empresa, porém a porcentagem de 45% ainda é conservadora. Ele ressalta que, para cumprir os planos já anunciados, como a retomada das obras da refinaria de Abreu e Lima e a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná, a Petrobras precisará fazer mudanças adicionais em sua política de dividendos.
Questionada sobre o levantamento da Aepet, a assessoria de imprensa da Petrobras afirmou que a nova política de distribuição de dividendos permitirá manter a previsibilidade do fluxo de pagamentos aos acionistas, garantindo a perenidade e a sustentabilidade financeira da empresa a curto, médio e longo prazos.
Em resumo, a Petrobras se destaca como a petroleira que mais pagou dividendos aos acionistas no primeiro semestre de 2023, mesmo com uma receita menor em comparação com seus concorrentes. No entanto, a distribuição de dividendos em proporção aos investimentos é considerada insustentável e pode comprometer o futuro da empresa. A nova política de distribuição de dividendos da Petrobras foi recebida com expectativas positivas pelo mercado financeiro, mas ainda há o entendimento de que mudanças adicionais podem ser necessárias para viabilizar os investimentos planejados pela companhia.