Poderoras Alucinações: O Roubo de Arte e Dados pela Inteligência Artificial e o Perigo das Promessas Utopicas sobre a Crise Climática

Alucinação nº 1: IA resolverá a crise climática

Uma das principais alucinações relacionadas à inteligência artificial (IA) é a ideia de que ela resolverá a crise climática que o mundo enfrenta atualmente. Essa crença é disseminada por diferentes entidades, desde o Fórum Econômico Mundial até o Conselho de Relações Exteriores e o Boston Consulting Group. De acordo com essas organizações, a IA pode ser utilizada para apoiar a adoção de medidas informadas e baseadas em dados para combater as emissões de carbono e construir uma sociedade mais verde. Eric Schmidt, ex-CEO do Google, também defende essa visão, afirmando que é necessário contar com a inteligência das máquinas para resolver problemas complexos como a mudança climática.

No entanto, é importante questionar essa narrativa otimista. A crise climática não é um problema que pode ser resolvido simplesmente aumentando a inteligência das máquinas. A questão vai além da falta de informações ou dados insuficientes. Há décadas, especialistas têm alertado os governos sobre as medidas necessárias para enfrentar essa crise: reduzir as emissões, promover a transição para energia limpa, repensar o consumo excessivo e a desigualdade social. O problema não é a falta de inteligência, mas sim as consequências econômicas e políticas envolvidas nessas mudanças profundas.

Enfrentar a crise climática implicaria desafiar interesses econômicos poderosos e enfrentar o modelo de crescimento baseado no consumo que sustenta nossas economias. Isso exigiria trilhões de dólares em investimentos e uma repensar sobre o funcionamento de nossas sociedades. Esperar que a IA forneça uma solução mais palatável e rentável é ignorar a complexidade do problema e adiar ações decisivas.

Além disso, a própria implementação da IA pode agravar a crise climática. Os servidores necessários para executar algoritmos complexos e gerar obras de arte de chatbots consomem uma grande quantidade de energia, o que contribui para as emissões de carbono. Além disso, as empresas provavelmente usarão a IA generativa para promover mais consumo e aumentar as vendas de produtos, o que apenas agravará o problema.

Outro fator a ser considerado é o impacto da disseminação de deep fakes e clones digitais. À medida que somos cada vez mais expostos a informações enganosas e manipuladas, a confiança na mídia e na informação verídica diminui. Isso pode dificultar ainda mais a conscientização e a ação em relação à crise climática.

Portanto, é fundamental questionar as alucinações sobre as capacidades da IA em resolver a crise climática. Essa narrativa pode obscurecer a gravidade da situação e a necessidade de medidas reais e urgentes. Não podemos depender apenas da tecnologia para resolver os problemas que nós mesmos criamos. A crise climática exige ações concretas e corajosas, não ilusões sobre as capacidades da IA.

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