Um adolescente de 13 anos foi morto com vários tiros, no final da noite de domingo (6), durante ação da Polícia Militar na Cidade de Deus, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro. Moradores afirmam que os tiros foram disparados por policiais e atingiram o jovem, que estava em uma moto.
Segundo familiares, ele era estudante, jogava futebol, frequentava uma igreja e não tinha nenhum envolvimento com o crime.
“Eram duas crianças na moto. Estavam erradas por estar na moto, mas não estavam levando perigo para os policiais”, disse o tio da vítima em entrevista à NGB News. “Acabaram com um sonho. Era uma criança que em qualquer clube que fazia a peneira, passava”.
Não há, até o momento, informações sobre o outro ocupante do veículo.
Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar, equipes do Batalhão de Polícia de Choque realizavam policiamento quando dois homens em uma motocicleta atiraram contra a guarnição.
De acordo com a versão dos policiais, depois do confronto um adolescente foi encontrado atingido e não resistiu aos ferimentos.
A polícia afirma que uma pistola calibre 9 mm foi apreendida no local. A área foi isolada e a Delegacia de Homicídios da capital acionada.
O comando da secretaria instaurou procedimento para apurar as circunstâncias do fato.
Nos vídeos divulgados pela NGB News durante a madrugada desta segunda-feira (7), moradores mostraram cápsulas de munição espalhadas pela estrada Marechal Miguel Salazar, a principal via do bairro, onde a morte ocorreu.
O corpo do adolescente ficou no chão, cercado por alguns familiares, até a chegada da perícia, por voltas das 3h30.
Outra familiar disse que o corpo do adolescente ficou cheio de marcas das balas. Afirmou também que policiais deram tiros de borracha e jogaram spray de pimenta quando moradores foram para a rua protestar contra a morte.
Nas redes sociais há vídeos em que moradores aparecem correndo, gritando e chorando ao perceberem que o adolescente havia sido atingido.
Na madrugada de domingo, um jovem morreu baleado por um PM na saída de um baile funk no morro do Santo Amaro, no Catete, zona sul da cidade.
Guilherme Lucas Martins Matias comemorava o aniversário de 26 anos junto com três amigos. Na volta para casa, em Santa Teresa, no centro, o veículo em que estavam foi atingido por tiros disparados por um policial militar. A corporação não identificou o agente.
Os outros três ocupantes do carro ficaram feridos e foram levados ao hospital municipal Souza Aguiar.
A Polícia Militar instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias da morte.
Na tarde de domingo, familiares e amigos de Guilherme Lucas fizeram uma manifestação no bairro do Catumbi. O túnel Santa Bárbara chegou a ser interditado no sentido zona sul.
Maria Luzia Martins, tia do jovem, afirma que o sobrinho era frentista em um posto de combustíveis e tinha carteira assinada havia quatro anos.
“A polícia fuzilou o carro com meu sobrinho dentro. Não tinha um bandido, uma pessoa com antecedente criminal. Meu sobrinho era gente de bem, trabalhador. O carro não era roubado. Os policiais não mandaram parar.”
No dia 2, dez pessoas morreram e quatro ficaram feridas após serem baleadas durante uma operação conjunta das polícias Civil e Militar no Complexo da Penha, zona norte do Rio. Entre os feridos estavam um policial militar do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e um adolescente.
De acordo com a Polícia Militar, os dez mortos e um ferido são suspeitos de envolvimento com o tráfico. A corporação informou que o objetivo da ação foi prender criminosos de outros estados.