O Conselho Universitário da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou por unanimidade a proposta de adoção de um sistema de cotas étnico-raciais para ingresso nos cursos de pós-graduação. Com essa medida, a universidade segue uma tendência crescente no Brasil desde que o sistema de cotas foi considerado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012.
Assim como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), que já implementou o sistema de cotas em cursos de pós-graduação, incluindo pessoas trans, a Unicamp também irá estabelecer políticas de ações afirmativas em seus processos seletivos. A decisão colegiada determina que os programas de pós-graduação devem reservar pelo menos 25% das vagas para pretos, pardos e indígenas.
Além disso, cada programa poderá ampliar o porcentual de atendimento até alcançar a proporção de autodeclarados pretos e pardos domiciliados no Estado de São Paulo, que atualmente é de 37,2%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE.
A iniciativa de adotar cotas étnico-raciais para cursos de pós-graduação na Unicamp surgiu em 2015 no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Desde então, outras seis faculdades e institutos também aderiram à medida, e mais quatro começarão a implementá-la este ano.
Segundo a pró-reitora de Pós-Graduação da Unicamp, Rachel Meneguello, essa ampliação das ações afirmativas é um passo fundamental para a política de inclusão da universidade. Ela ressalta que a medida atende a demandas da sociedade e contribui para a redução das desigualdades históricas.
Vale destacar que essa política de cotas já foi implementada nos cursos de graduação da Unicamp em 2019, reservando 25% das vagas para autodeclarados negros (pretos e pardos). Além disso, a universidade anunciou a reserva de vagas étnico-raciais para pesquisador pós-doutorado.
Os conselheiros ainda aprovaram uma indicação que possibilita a adoção de cotas em programas de pós-graduação para outros grupos sociais marginalizados. A pró-reitora destaca que é importante que esses segmentos, controlados pela sociedade conservadora brasileira, comecem a construir suas demandas.
O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, ressaltou a importância desse momento, pois contempla praticamente todos os segmentos da universidade. Essa medida reforça o compromisso da instituição com a inclusão e a equidade de oportunidades.