Homenagem Póstuma a Estudantes Assassinados pela Ditadura Militar na USP completa 50 Anos

Cinquenta anos após serem vítimas da ditadura militar brasileira, dois estudantes da Universidade de São Paulo (USP) foram homenageados pela instituição com diplomas honoríficos neste mês. Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, que estudavam no Instituto de Geociências (IGc) nos anos 1970 e eram militantes do movimento estudantil da USP, foram mortos em 1973 e receberam a homenagem como parte do projeto Diplomação da Resistência.

Essas foram as primeiras de 33 homenagens que a USP planeja realizar em memória dos estudantes que foram assassinados pela ditadura militar. A universidade afirmou que o objetivo é reparar as injustiças e honrar a memória dos ex-alunos. Renato Cymbalista, coordenador da Diretoria de Direitos Humanos e Políticas de Memória, Justiça e Reparação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, destacou a importância dessas homenagens, afirmando que diplomar estudantes que foram mortos na ditadura é uma forma de reparar uma dívida histórica que a universidade tem com esses estudantes.

Além da homenagem, em 2013 a USP criou sua própria Comissão da Verdade para investigar e esclarecer as violações aos direitos humanos praticadas contra docentes, alunos e funcionários durante a ditadura. A comissão concluiu que a ditadura foi responsável pela morte de 39 alunos, seis professores e dois funcionários da universidade.

Alexandre Vannucchi Leme foi morto aos 22 anos após ser preso, torturado e morto por agentes do DOI-Codi paulista. Ele militava na Ação Libertadora Nacional (ALN) e foi visto pela última vez na USP, antes de ser preso no dia 15 de março de 1973. Já Ronaldo Mouth Queiroz, também ligado à ALN, foi presidente do diretório central dos estudantes da USP e foi morto a tiros pelo Dops, segundo a versão oficial.

Embora as homenagens sejam um passo importante para a memória e reparação dessas vítimas, os familiares e amigos continuam na luta por justiça e condenação dos responsáveis. Cymbalista ressaltou que o Brasil não foi capaz de fazer justiça, pois a lei da anistia anistiou tanto os perseguidos pela ditadura quanto os torturadores. Diferentemente de países como Argentina, onde os perpetradores foram condenados, no Brasil isso não aconteceu.

Portanto, as homenagens realizadas pela USP são uma forma de reconhecer a tragédia ocorrida durante a ditadura militar e prestar solidariedade aos familiares e amigos das vítimas. Além disso, ressaltam a importância de continuar a luta por justiça e memória em relação a esse período sombrio da história do Brasil.

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